sábado, 25 de agosto de 2012

"LUA BRANCA"

No terrero do sítio "Bom Retiro"
onde nóis morava,
em piquena,
tudo dia eu via 
 a sombra da lua branca
qui alongava,
qui alongava
i movimentava 
os ispírito da noite
qui brincavum no quintar.
Quando tinha lua branca, 
a noite parece qui tinha vida;
si ela iscurecia, 
parece qui a tristeza 
de braço dado coa agonia 
vinha ali pra desesperá
o coração da gente.

"SACO DE ESTOPA"

Minha mãe, quando inda era moça, gostava de mexê cum saco di istopa. 
I ela tinha pacência iguár do Jó pra insiná a gente. 
Primero, pricisava comprá arguns novelo de lã, daquelas bem grossona. 
Meu pai trazia da cidade umas lã de quatro ou cinco cor diferente.
O saco, ela abria, cortava cum tesora bem no meinho. 
Nóis ajudava segurá na reta pra ficá certinho im dois pedaço. Depois, minha mãe mandava nóis buscá um pedaço di taquara. 
Ca faca, ia alisando a taquara, cortava um pedaço di um parmo, mais o meno, fazia um furinho na ponta prá imitá agúia di verdade, i tava pronto o materiar.
Pelo furinho passava a lã i intão começava os trabaio. 
Uns morde de fruta i bichinho qui ela tinha, intão, ela desenhava num pedaço de paper um desenho quarquer i nós ia trançando as lã, intrando e saindo dos buraquinho do saco di estopa.
Viravum tapete prá ficá do lado da cama.
Bunitinho!