sexta-feira, 2 de agosto de 2013

NOSSO PAI NUM ESQUECIA



Quando nosso pai ia pra Capão Bunito visitá a irmã dele, a nossa tia Lili, casa di rico, ficava lá mais qui um dia só na maciota, nas conversa de lenga-lenga, nas prosa de pulítica.
Intão, ele contratava o Nirdão mais o Nestorzão pra tirarem o leite das vaca, ajudá nossa mãe a inchê as garrafa e depois distribuí pros fregueis dele na vila.
I nóis?
Nóis se livrava de tomá aquele leite quente direto das teta dela.
Numa dessas veiz, ele veio contano qui comeu uma coisa munto da gostosa i munto isquisita que fizerum lá na hora do armoço.
Parecido cuma fror, bem grandona.
Tinha um cabão bem grosso.
Era cheio di gomo.
Os gomo erum chupado i nosso pai lambia os beiço di novo cada veiz qui se alembrava do prato pra contá pra nóis.
- Um dia eu vô comprá pra Mariazinha fazê iguar. É bão demais!
A frorzona era chamada di arcachofra, mais nosso pai nunca si alembrô di trazê uma di Capão pra nóis prová.
Tamém im São Miguer nunca teve pra comprá.
Si ficô lumbriga, nóis já botamo ela prá fora faiz tempo.
Porque, si tinha uma coisa que nosso pai nunca esquecia era de comprá lombriguero pra nós tomá.
Graças ao bom Deus!
Ê bicharada qui nóis carregava na barriga!
Credo!

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