sábado, 24 de janeiro de 2015

A MORTE DA VACA PARDINHA


I pai nervoso.
I as vaca morreno lá na invernada.
Foi di noite qui ele disse que eu ia coele atrais da vaca Pardinha e do bezerro da Coroa, logo que o sor desse as cara no otro dia.
Eu num quiria i, mais pai mandava e filho obedecia naqueles tempo.
Fui...
Pai tava armado cuma garrucha.
Fiquei cismano, imaginano o que será qui ele pensava lá nos fundo da cabeça.
Eu fui ficano cum medo dele.
Vi qui o zóio azur dele tava vermeio, falava umas coisa sozinho qui eu num intendia nada, tirava o chapéu da cabeça iscorreno suor di nervo.
I a vaca num aparecia.
- Cadê a vaca, pai? Onde será qui ela dormiu di noite?
- Ué, vamo procurá. Tamo procurano, né?
I ele oiava i eu oiava por cima dele, eu cum medo do mato, mais sem pudê demonstrá isso pra ele...
Eu pensano, sartitano, i de repente, pai parô, paralisô.
- Tá lá a Pardinha!!
Fomo vê. 
Ela tava inchada, respirava mar.
I pai nervoso.
I pai disse:
- Tenho que matá a vaca. Tá invenenada. Num tem jeito memo.
Apontô pra ela, depois fechô os zóio, mirô di novo e... prá! prá!
Acabô coa vida da Pardinha.
A mais ou menos trezentus metro, lá tava morto o bezerrinho da Coroa, tão bunitinho, branquinho di rabo amarelo.
- Vai interrá elis, pai?
-  Não, os urubu já tão na ispera.
Verdade memo!
Era só urubu voano baxinho, di árvre im árvre.
I tanto qui num ia dá tempo nem di fedê.
Vortamo imbora.
Pai triste, chorô feito criança.
Eu chorei de dó dele, de vê ele, tão forte i valente, mais agora tão sem defesa contra aquele fato.
Ô porcaria!
Tein gente que tein inveja da vida qui leva os dono di gado.
É porque num sabe como é triste.
Tem dias muito infeliz, iguar este dia qui eu fui co meu pai matá a vaca na invernada.
Por um longo tempo fiquei pensano si Deus viu o que meu pai feiz naquele dia. Se viu, será qui Deus perdoô meu pai?
É qui a vaca num tinha sarvação...

Nenhum comentário:

Postar um comentário