terça-feira, 5 de junho de 2012

AS FROR QUI NUM ERUM DO CAFEZAR


Eram da Nhá Chica, muié do "seu" Romão.
Era dália pra tudo canto na vorta da casa deles.
Dália vermeia, dália marela, dália branca e dália da cor do burro quando foge.
Nunca vimo tanta dália junto.
Um pé do ladinho do otro, crescia artanero e carregado.
A véia dizia que elas tinhum nome.
- De gente que já morreu - ela dizia, com os óio vortado pro céu...
Suspirando:
- Tuquinha, Nezinho, Parício, Ditinho, Pedrinho...
Intão a gente, que era muito bocó, ficava cum medo danado de quebrá um pé ou de coiê uma fror do seu quintar.
Mais um dia, nóis fomo pra lá cum fio do Roque Goiaba que dizia que num tinha medo de nada.
Nóis ficamo só na ispreita.
-Vá lá, Purga, e traga um punhado pra nóis levá pra nossa mãe!
O menino foi lá.
Sela aparecesse, nóis já tinha discurpa: tava catando coquinho babaçu, daqueles bem grandão que tinha por perto da casa deles. 
- A gente num conhece esse menino - ia dizê pra ela...
E num é que nóis entretemo demais no catá o tar do coquinho, que nem percebemo o drama do Purga!
- Mais pra quê coiê uma frô, menino! O que cocê vai querê fazê cum ela?
Senhor do céu!
Era Nhá Chica ralhando co menino, ameaçando o coitado com a vara de marmelo. 
Só deu tempo de nós percebê que o menino corria coa cara branca e vinha pro nosso lado.
Pernas pra que queremo, né?
Ela num ia arcançá memo...  

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