segunda-feira, 4 de junho de 2012

CHUÁ, CHUÁ



A primera veiz que vi um monjolo, tive um baita susto.
Pudera!
Parecia um robozão trabaiando no meio do mato. Aquela aguaria iscorrendo, depois levantando lá pro arto aquele baita pau que intão caia, e intermitente, sem erro no tempo, ia socando o milho pra virá quirera ou socando o arroiz pra ele ficá sem casca e facilitá o cozinhamento.
Milho tipo quirera pra minha mãe fazê canjica bem docinha pra nóis.
Arroiz bem socadinho também era tão bão cum frango de leite!
A socage num monjolo, que é feita num grande pilão, é muito demorada; a gente injoa de acompanhá o pam...chuá...pam...chuá...pam...
Mais é bunito de vê!
Bunito, mais perigoso, diziam meus pais.
Um baruio danado, ensurdecedor.
O monjolo de casa ficava lá longe. Quem cuidava dele era o Nhô Romão que era casado coa Nhá Chica.
De veiz em quando a gente ia lá pra buscá essas coisa. Quando a gente chegava, já tava tudo arrumadinho num saco branco de algodãozinho.
Como a gente era muito travesso, coisa da idade, nunca que meu pai dexô a gente ficá sozinho perto do dragão que cuspia água.
Ainda bem, porque um dia escapô um arame dos grosso que segurava o pescoço do monjolo, o Nhô Romão num percebeu e... acabô ficando sem dois dedo da mão.
Crendospadre!

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